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Empresas de Venture Capital apostam em branding e comunicação

Fundos de investimento vêm utilizando ferramentas de branding, aliadas a uma linguagem disruptiva herdada dos bancos digitais e fintechs, para atrair público jovem e se diferenciar no mercado financeiro

A especialidade dos fundos de venture capital é apostar em negócios com alto potencial de crescimento pelo serviço ou produto inovador que oferecem. Para isso, elas contam com profissionais e gestores especializados em fundos de investimento e captação. Mas, além de contar com esses profissionais do mercado financeiro para atrair negócios promissores, alguns fundos de investimento têm ido além e apostado em ferramentas de branding e comunicação como forma de se diferenciar e gerar identificação com os empreendedores que, em sua maioria, fazem parte do público jovem.

Foi com esse objetivo em comum de gerar aproximação e identificação tanto com os empreendedores quanto com investidores que o big_bets – fundo de investimentos criado em 2019 pelos sócios Luiz Guilherme Manzano e Alexandre Mello – e a G2D – empresa de venture capital criada em 2020 pela GP Investiments e voltada a investidores que querem diversificar sua carteira – procuraram a consultoria de design estratégico Colírio, dos sócios Teresa Guarita Grynberg e Alexandre Grynberg, para trabalhar os brandings das suas empresas.

Carlos Pessoa, Diretor de RI da G2D, acredita que temas do mercado financeiro, às vezes, podem parecer áridos para a maioria das pessoas e muitos deixam de investir em grandes oportunidades por não entenderem do que se trata. “A G2D surgiu para descomplicar, mas, para chamar a atenção diante da infinidade de informações que surgem o tempo todo, é fundamental ter uma identidade visual autêntica, que desperte curiosidade. Bancos digitais e fintechs, por terem uma operação mais disruptiva e tecnológica, adotaram uma comunicação mais moderna e com ferramentas diferenciadas. Com a G2D não é diferente. Precisamos transmitir na nossa comunicação visual o que somos e o que estamos nos propondo a fazer no mercado”, explica.

Outro ponto importante para os investidores que acessam o portfólio da G2D – além do alto crescimento e da atuação global das startups e novas empresas -, é que elas tenham um propósito de melhorar o planeta, ou seja, que operem com os princípios ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança). “Existe uma demanda crescente das novas gerações de investidores por empresas responsáveis e, portanto, decidimos adotar uma linguagem mais jovem e moderna que se conecta com esse público e nossos com valores”, explica Carlos Pessoa.

Teresa Guarita Grynberg conta que o primeiro passo para criar uma identidade visual estava muito claro: ela precisava estar alinhada ao propósito da G2D para chamar a atenção de empreendedores e investidores ousados, com foco em empresas de alta tecnologia, desde o primeiro olhar. “Foi então que fizemos um estudo sobre movimentos disruptivos que fizeram história. Do jazz ao punk, da arte moderna à arte de rua, dissecamos a linguagem visual que marcou grandes fenômenos culturais, desde pôsteres de jazz até a estética da pichação. Todo esse mergulho inspirou a criação de uma linguagem disruptiva própria para a G2D”, complementa Teresa.

O executivo diz ainda que, desde o início, a visão da G2D foi criar um veículo revolucionário e democrático, trazendo uma forma nova para o investidor de Bolsa investir globalmente em empresas de alto crescimento, mas antes da sua oferta pública inicial. “Por isso, a comunicação verbal e visual, em diversos canais, tem sido nossa prioridade para divulgar a G2D e o que a companhia representa no processo de democratização de investimentos. Estamos presentes na imprensa, em podcasts, nas universidades, nas redes sociais e em contato direto com analistas de mercado e investidores a partir de nossos canais oficiais. Desta forma, a criação de uma marca forte, diferenciada e que representa nossos valores, é um componente fundamental”, complementa Carlos Pessoa.

Quando falamos em startups, em muitos casos, quem procura os investidores são as próprias empresas, por meio de programas de aceleração. Nesses programas, as empresas participam fazem um pitch – apresentação já estruturada de um MVP (Mínimo Produto Viável) – para conseguir atrair investidores para apoiar seus negócios. Esse capital investido ajuda as startups por meio de participação acionária para valorizar essas ações em longo prazo, obtendo-se lucro em uma posterior saída da operação. Mais do que um fundo de investimento, o big_bets é um sócio “hands-on”, que o empreendedor raramente encontra nos estágios iniciais. “Decidimos dedicar nosso tempo e nossa reputação para construir uma rede que encoraje cada vez mais pessoas a tomarem risco e montarem um negócio e que ao mesmo tempo permita que mais empreendedores construam empresas que cresçam e prosperem. É a forma que encontramos de ajudar a nossa sociedade a prosperar também”, conta Luiz Guilherme Manzano, sócio do big_bets

Com esse posicionamento, Manzano explica que o foco de comunicação do big_bets sempre foi os empreendedores, tendo uma comunicação mais individualizada com a base de investidores da empresa. “A gente tem um foco muito claro em startups que constroem produtos digitais, empresas que estão desenvolvendo proprietariamente softwares e não apenas se amparando em tecnologias disponíveis. E, tipicamente, os empreendedores que são capazes disso têm um perfil mais específico. Geralmente, são pessoas mais ‘geeks’ por natureza, que, com 10, 12 anos, começaram a fuçar no computador de casa, criando uma ligação com a tecnologia muito cedo. A gente tenta mirar esse tipo de pessoa que, ao enxergar o que a gente está fazendo, de alguma maneira, se conecta porque percebe que o big_bets é feito para ela. A gente consegue falar naturalmente com essas startups porque estamos falando com nossos pares, com pessoas que são semelhantes a nós “, complementa.

“O que mais nos chamou a atenção quando o big_bets nos procurou é que o jeito que eles investem em startups vai muito além do financeiro, com um olhar de parceria desde o primeiro momento, além do foco em startups de tecnologia. Para conversar com essa abordagem, inédita no mercado, criamos um visual que também se destaca dentro desse setor. Com foco em empreendedores ligados à tecnologia desde a infância, surgiu o insight de trazer uma linguagem visual que se aproxima com o perfil mais ‘gamer’ dessa geração”, explica Alexandre Grynberg.

Alexandre Mello, sócio do big_bets, explica que a empresa resolveu abraçar o empreendedor ao invés do investidor porque acredita que ter no seu portfólio as melhores pessoas para se empreender junto é o fator determinante para atrair o investidor de venture capital. “Na nossa visão, a história começa com o empreendedor, é por isso que ele acaba sendo o nosso foco. Outro aspecto é que, quando a gente olha para o mercado, existe uma série de fundos de investimento. Sabendo que éramos novos, adotamos a postura de ser mais ousados. Achamos que se a gente procurasse as agências que fizeram o branding para os outros fundos mais tradicionais, por exemplo, acabaríamos tendo uma identidade encaixotada e não teríamos uma marca que chamasse a atenção”, conclui.

Cada detalhe da identidade foi pensado para gerar conexão da marca com esses empreendedores de startups de tecnologia, trazendo um visual contemporâneo. “A letra “i”, por exemplo, foi redesenhada para se assemelhar ao lambda, do alfabeto grego, um elemento chave no universo da programação, integrando ainda mais a realidade do público do big_bets à identidade visual da marca.

A estratégia de comunicação das gestoras de venture capital já começa a demonstrar os primeiros resultados nos negócios. “Saímos de 6 mil acionistas no IPO em maio de 2021 para mais de 10 mil em novembro deste ano. A Colírio colaborou para atingir nossos objetivos de comunicação e branding, criando uma marca inovadora, que reflete nossos valores. Eles conseguiram reproduzir os nossos pensamentos e valores de uma forma simples, rápida e visualmente atraente. Utilizamos a comunicação visual em todos os nossos canais de comunicação, nos perfis sociais da empresa, no site e em todas as peças de divulgação para o mercado, com investidores e analistas, de forma a criar uma identidade forte e personificar nossos valores de disrupção e democratização”, conclui Carlos Pessoa.

Fonte: Revista Empreende